quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Scandinavia fever

Para mim, Escandinávia sempre foi sinônimo de "qualidade de vida". Já perdi as contas de quantas vezes vi a Noruega no topo de lista de "melhor lugar para viver" ou Dinamarca como o lugar onde "as pessoas são mais felizes em todo o planeta". Toda essas afirmações sobre como a região era o ápice do mundo desenvolvido, o primeiro mundo do primeiro mundo, sempre me causou certo fascínio.

Com o tempo, fui notando como a Escandinávia, a Suécia em particular, estava presente em nossas vidas. Sempre soube que os principais produtores de música pop do planeta vinham de lá, fato que pude constatar quando fiz o post do Tá Causando sobre os maiores produtores musicais de música do planeta. O que faz a Escandinávia ter tanta gente com ouvido tão bom para pop, hip-hop, etc? Desde o Abba, o maior guilty pleasure musical da história, até Max Martin, responsável pelos maiores sucessos de Britney e Backstreet Boys e NSync e Pink e Katy Perry, até os noruegueses do Stargate, que criaram todos os maiores hits da Rihanna.

A Suécia também inventou o Spotify, uma das melhores invenções para ouvir música na internet. Apesar de não estar disponível no Brasil, o serviço é extremamente popular na Europa e oferece um database com milhões de músicas (praticamente todas que você puder imaginar) as quais você pode ouvir imediatamente, sem precisar baixar, com um simples clique. Eu sei que não parece groundbreaking, principalmente no mundo que nos oferece milhões de opções para ter músicas gratuitas mas quem já usou sabe como o Spotify, principalmente o seu serviço Cloud, é prático e uma das melhores maneiras de se ouvir música.

Moving on do mundo musical, a Suécia é responsável por duas lojas que literalmente renovaram o mundo do design e da moda: a Ikea e a H&M. Para variar, nenhuma está disponível no Brasil mas quem já viajou para os EUA ou Europa e foi em alguma delas sabe o quão incrível essas lojas são.

A H&M é uma loja de fast fashion, uma espécie de Zara com preços ainda melhores e várias roupas incríveis, estilosas e de ótimo custo-benefício. Não a toa é a loja de roupas mais popular no planeta. Já a Ikea é uma loja de móveis que oferece produtos INCRÍVEIS (sério, eles são referências para qualquer design) com preços ainda mais inacreditáveis (tudo MUITO barato). As lojas Ikea são armazéns gigantescos, com um sem fim de opções muito boas e bonitas para comprar. Sinceramente, são duas das melhores invenções do varejo atual e, apesar de não estarem disponíveis por aqui ainda, podem ser encontradas as centenas em qualquer país europeu, nos EUA, no Japão... (a H&M tem aos montes em qualquer centro de cidade, a Ikea é mais difícil de achar porque, por ser gigantesca, em geral ficam mais afastadas).

Tudo bem que eu não posso usufruir quase nenhuma das invenções suecas com freqüência (damn it, cheguem logo no Brasil Ikea/H&M/Spotify! Pelo menos temos as músicas), mas ser um país tão pequeno que inventou tanta coisa impactante sempre me causou certa curiosidade.

E isso sem mencionar o fato de todo mundo dizer que Estocolmo ser incrível e, como provado pelas centenas de milhares de blogs de estilo Sweden-based, ser povoado de gente bonita e estilosa.

Por outro lado, meu interesse por todo esse mundo "perfeito" do "primeiro mundo do primeiro mundo" aumentou depois que eu visitei Amsterdam. Era tudo tão lindo e perfeito que chegava a ser incomodo, sabe? Não parece o mundo real. Diferente de Londres, Paris e Nova York, cidades claramente desenvolvidas mas com ar de realidade, Amsterdam parecia uma Disney World. Então fico imaginando como deve ser o nível em Estocolmo ou Copenhagen ou Oslo, lugares ainda mais desenvolvidos.

Enfim, todas essas realizações me trouxeram de volta para Stieg Larson e sua coleção Millenium. Esses livros sempre tiveram no meu radar porque, faz pelo menos 1 ano, essa coleção começou a vender como água nos EUA e na Europa. Os três livros venderam 50 milhões de unidades e quando fui a NY, em junho do ano passado, parecia que todo mundo estava lendo os livros. Alguns meses mais tarde, meu pai, minha mãe e até minha vó tinham devorado os livros e me recomendado efusivamente.

Como uma pessoa curiosa, li sobre Stieg e sua morte e acompanhei o casting e a expectativa em torno da soon to be released versão hollywoodiana do filme. Mas, por incrível que pareça, a história em si não me interessava, a ponto de eu nem saber direito sobre o que se tratava. Finalmente, no fim do semestre passado da faculdade, comecei a ler o livro e, apesar de notar que a história tinha potencial, o começo era muito lento e a minha défict de atenção sempre acabava getting the best of me.

Enfim, daí que voltei da Europa e meu interesse pelo universo da perfeição de Amsterdam acabou desembocando em eu lembrar da Suécia e me trouxe a tona minhas curiosidades sobre o país. E, com base nisso, voltei a ler o livro e, por sorte, tinha parado pouco antes da história ficar REALMENTE BOA. E quando a história começa a ficar REALMENTE BOA, daí é literalmente impossível de parar de ler. Devorei tudo rapidamente e fui correndo começar a ler o segundo. Baixei os filmes suecos, descobri que o mundo de livros thriller escandinavos era bastante povoado (tô louco para ler Wallander e o norueguês Jo Nesbø, que todo mundo diz que é tão viciante quanto os livros do Stieg Larsen) e fiquei bastante fascinado com o fato de uma região tão perfeita, com países tão socialmente desenvolvidos, ser tão boa em escrever livros cheios de crimes e com personagens complexos e que chegam a níveis assustadores de falta de moralidade e de civilidade.

Daí, me lembrei do seriado dinamarquês The Killing. Eu já tinha ouvido falar dele porque no começo desse ano ele foi exibido no Reino Unido e, apesar de ser legendado e exibido num canal pouco assistido, virou um gigantesco sucesso. Quando estava em Londres, o Channel 4 estava estreando a versão americana do programa e tinha anuncio por tudo quanto é canto.

Antes de viajar, eu já tinha tentado assistir. Mas no BBC iPlayer só tinha disponível do episódio 3 e, na internet, só conseguia achar a versão americana, que não me interessava.

Finalmente, o programa voltou a ser reprisado na BBC Four e o primeiro episódio estava disponível no iPlayer. Depois, vi o segundo episódio. No dia seguinte, o terceiro. E, finalmente, o quarto. E foi ai que eu me dei conta que eu estava completamente viciado na série. Virei a internet atrás de links para baixar os episódios dinamarqueses com legendas e assisti tudo em tempo recorde. Conclusão: um dos melhores (o melhor?) seriado que já vi EM TODA MINHA VIDA. Sem brincadeira.

É incrivelmente bem-escrito, é MUITO bem feito, a produção é impecável, os atores são incríveis, os twists e turns te deixam louco e é TÃO diferente das séries de ficção que estamos acostumados. Sara Lund, a protagonista, é fascinante apesar de ser completamente fora dos padrões e é tão interessante como o mistério se desenvolve e como nós, os telespectadores, não somos tratados como débeis mentais. Não temos que ter explicaçãozinha para cada detalhe, não precisamos saber do background de cada personagem para entender porque eles agem assim (aquele "Fulaninha é assim fria porque tem uma relação ruim com o pai mimimi" que nós estamos acostumados), não temos cenas de ação intensa... e mesmo assim, não conseguimos desgrudar os olhos da tela.

A partir do momento que você começa assistir é como se você tivesse prendido a respiração e você só consegue soltar o fôlego quando você chega no fim. E, pqp, que fim. Nada hollywoodiano, mas bonito.

Mas sério, me fascina como Dinamarca, Noruega e Suécia, países tão perfeitos, conseguem produzir e escrever coisas tão incríveis e assustadores, que nos fascinam (mesmo os mais frescos -EU-) sem medo de nos chocar. O tamanho do meu mindfuck quando eu acabei de ler Stieg Larsson e, mais tarde, ao concluir The Killing não era brincadeira.

Isso me lembra uma entrevista que eu li com o Jonas Ackerlund, mais uma dessas exportações suecas que hoje em dia run o mundo pop (ele é responsável por vários clipes mega famosos, entre eles Paparazzi e Telephone da Lady Gaga). A entrevista estava num livro sobre design e street art que minha amiga comprou em Londres e uma quote ficou na minha cabeça: "como eu sou sueco, pouca coisa me choca".

Para mim, a frase não fazia sentido NENHUM. O senso comum não diria que sendo da Suécia, um dos lugares mais isoladamente perfeitos do mundo, você ficaria chocado facilmente com o mundo imperfeito a sua volta? Se a frase fosse "eu sou de Ciudad Juarez, nada me choca" ou "eu cresci na Cidade de Deus, nada me choca", eu conseguiria entender a lógica mas Suécia?

E, para ser sincero, eu ainda não entendo. Eu não sei o que tem na Suécia e na Escandinávia em geral que faz as pessoas serem tão a prova de choque. Mas, seja o que for, eles sabem usufruir bastante bem disso.

E fica a dica: ASSISTAM THE KILLING! Todos os episódios da primeira temporada estão disponíveis aqui e valem MUITO a pena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário